sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O que move o jornalista?



No último dia 28, a Acesso Comunicação Júnior realizou um evento na FACOM com o tema “Jornalismo Cultural: Opinião, Informação ou Entretenimento?”, que contou com a participação de excelentes palestrantes nas áreas abordadas.

Bruno Calixto, da Globo Internacional, nos apresentou um jornalismo mais aprofundado, capaz de transformar a realidade de um local que há pouco se viu livre das guerras e ainda se mantém em um regime ditatorial. Através de exemplos pessoais, ele nos fez mergulhar no mundo de Angola, em sua cultura, seus pesares e, principalmente, sua semelhança com o Brasil. Ele nos mostrou que o Jornalismo tem um dever social de não só manter o povo informado, mas também manter viva a cultura local e, na medida do possível, criar uma consciência crítica na população. Através dele, percebemos que, mesmo com a censura do governo e a possibilidade de correr perigo de vida por ser jornalista, estamos em uma profissão que devemos exercer com paixão, pois é ela que nos mantém conectados aos nossos objetivos.

A segunda palestrante, Gleice Lisbôa, nos mostrou como uma imagem pode chocar, fazer com que nos apaixonemos, nos instigar. Tudo depende de como mostramos isso. E é incrível como um número infinito de leituras pode ser feito, dependendo da bagagem cultural de cada um que a vê. Para ela, jornalismo é uma questão de percepção, de sentimento, e o próprio modo que ela falou me fez me apaixonar um pouquinho mais por essa profissão. A remuneração e reconhecimento é muitas vezes pequeno, mas a possibilidade que um jornalista tem em sua mão de falar com o mundo é única. Jornalismo é paixão.

Gustavo Burla, que se envolve com a área cultural de diversas maneiras – membro de um grupo teatral por muitos anos, que escreve suas crônicas e faz análise crítica no Cinefagia – também discute a forma como esse tipo de trabalho é visto. A percepção é tudo. E é essa característica que o faz tão incrível. Como supor a aceitação do público? Como saber de que forma proceder? Se tudo depende da percepção de cada um... E como querer trabalhar com isso, tendo apenas incertezas no caminho? Caímos no terreno da paixão.

Marco Barbosa, o último participante da mesa, ex-aluno da FACOM e criador do Cinefagia, site com conteúdo voltado para filmes e seriados, nos apresentou um pouco mais do seu trabalho como criador de conteúdo do site. Ele, que tem uma série de filmes e seriados para assistir em pouquíssimo tempo. Como seus feriados são prejudicados por isso. E como, ainda assim, ele gosta do que faz. Novamente, é a paixão.

No fim, percebo que jornalismo na verdade não é paixão. Paixão nos arrebata, nos rende, nos faz reféns 24 horas por dia. E isso também é jornalismo. No entanto, a paixão acaba e esse sentimento que todos nós, estudantes de jornalismo, ainda maravilhados e instigados por ele, temos, não vai passar tão rapidamente.

Posso ser vista de forma meio clichê e piegas, e até me sinto um pouco assim nesse momento, mas diria que jornalismo está muito mais próximo de amor. É abandonar um encontro porque uma nova matéria chegou. É ficar 24 horas focado em pautas quando o salário não corresponde a esse esforço. É nos deixar arrebatar pela notícia - porque ela não pode ser banalizada, só mais um daqueles acontecimentos cotidianos. É sentir na pele quando somos ouvidos e como essa sensação é gratificante. É nos arriscar para mostrar o melhor ângulo. Porque é isso que a população quer e é o que queremos dar a ela. O melhor de nós. O melhor do Jornalismo. A informação aliada ao sentimento e a transformação. Isso é o Jornalismo: uma questão de percepção, sentimento e amor.


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