(Pelo site cinemaemcena.com.br)
Pablo começa sua crítica alegando ter um iPhone, e aponta
a utilidade do mesmo em seu dia-a-dia. No entanto, ele subjulga o aparelho ao
dizer que “não se trata da cura do câncer, de uma obra de arte inesquecível ou
de um tratado filosófico”. Diz que teve a sensação de estar assistindo a uma
comédia ao ver a cena inicial do filme, pois as pessoas aplaudem, exaltam um
iPod ao ser apresentado pelo personagem-título como “uma ferramenta para o
coração”. Villaça descreve: “Escrito pelo estreante Matt Whiteley,
o longa reconta a história da fundação da Apple a partir da trajetória de Steve
Jobs (Ashton Kutcher), que passa
boa parte da projeção celebrando vendas recordes e apresentando invenções ‘revolucionárias’
para seus adoradores – e seu gênio para vendas pode ser constatado a partir da
legião de fãs que atingem orgasmos múltiplos apenas com a menção de seu nome,
atribuindo ao sujeito a responsabilidade por tudo de bom e justo que aconteceu
no planeta nos últimos 30 anos”.
Para ele, o longa falha ao jamais estabelecer uma conexão
lógica ou mesmo alguma transição entre as várias fases e facetas do sujeito. Jobs traz
constantes planos nos quais seguimos Steve Jobs enquanto caminha pelo campus,
pelos corredores da Apple e em feiras de informática, como se acompanhássemos
uma figura icônica – um ícone que permanece indecifrável e cuja natureza
mutante se reflete nos figurinos. “O design de produção faz um
trabalho exemplar não só de recriação de época (melhor: épocas), como também é
hábil ao sugerir a atmosfera amadora do início da Apple e, posteriormente, o
ambiente estéril e corporativo que tomaria conta da empresa. Este cuidado com a
fidelidade, aliás, é exibido com orgulho nos créditos finais, quando vemos
fotos das figuras reais ao lado dos atores que as encarnaram – e, ao longo da
projeção, o cineasta inclui inúmeros planos abertos que têm, como único
objetivo aparente, demonstrar como Ashton Kutcher aprendeu a imitar o caminhar
típico de Steve Jobs”.
Villaça critica profundamente o ator Ashton Kutcher, ao
dizer que o tal “infelizmente, não consegue ir muito além de uma imitação em
sua performance”; que sua “vida pessoal tem mais destaque que a profissional”; “ator
naturalmente limitado, ele constantemente deixa clara a artificialidade de sua
composição”, etc. No entanto, o defende ao destacar que “parte do problema de
seu personagem deve-se mesmo ao roteiro, que falha em decidir-se não apenas com
relação à natureza do protagonista, mas também de sua empresa”. Ele alega que o
filme jamais se preocupa em esclarecer “o que a Apple representa”. “Quando
pensamos na marca, o que deve vir à mente: produtos úteis no cotidiano e de design elegante
ou as fábricas na China que exploram trabalho escravo, incluindo mão de obra
infantil?” Para Pablo, o pecado de Jobs
como narrativa é que, mesmo enxergando seu protagonista como um homem falho, o
longa ganha tons reverenciais sempre que aborda a Apple como empresa.
Ismael Crispim
não era para ficar preso ao texto de origem, mas para dizer como o autor constrói a sua argumentação.
ResponderExcluirsubjulga - subjuga