No dia 28 de novembro de 2013
(quinta-feira), foi realizada uma palestra na Faculdade de Comunicação da Universidade
Federal de Juiz de Fora. O tema foi “Jornalismo Cultural: Opinião, Informação
ou Entretenimento?“. Os convidados foram o editor de conteúdo da Globo
Internacional, Bruno Calixto, a professora de Fotografia do CES/JF e UFJF
Gleice Lisbôa, o professor Gustavo Burla, o crítico de cinema e editor do site
Cinefagia Marco Victor Barbosa e o jornalista e produtor da Mídia Ninja Philipe
Martins.
Sobre o Jornalismo Cultural,
diversas afirmações e definições foram feitas. Afirmaram que a crítica não deve
ser uma repetição, pelo contrário, ela deve buscar uma originalidade e uma
diferenciação em relação a outras produções. Como toda prática de escrita, não
há como ela se separar do caráter subjetivo. Toda crítica mostra uma opinião,
mas o crítico tem que ter embasamento teórico, explicar as razões de ter
escolhido determinado enquadramento. Diante de uma questão sobre a falta de
espaço do jornalismo cultural na atualidade, responderam que isso se deve às
recentes crises nas redações, que diminui o espaço dedicado a essa área e cria
outros nichos para o jornalismo e para os jornalistas. Bruno Calixto destacou
que isso acontece devido ao interesse capitalista em certos editoriais, que
geram mais interesse e, consequentemente, mais lucros.
A palestra foi muito
interessante, os palestrantes apresentaram seus temas com muito entusiasmo e
eloquência. Um aspecto que me chamou bastante a atenção é a paixão de todos
eles por aquilo que fazem, além da postura crítica. Gustavo Burla, inclusive,
narrou como a família reagiu quando ele contou que havia decidido cursar
Filosofia e, posteriormente, Jornalismo. Seu irmão havia se graduado em Direito
e não entendia a escolha do irmão. Anos mais tarde, quando estava vivendo uma
crise profissional e assistiu a uma peça onde Burla participava, o irmão
parabenizou-o pela escolha. “Você faz o que quer e gosta, mesmo que não tenha
reconhecimento (profissional e econômico)”. E é isso o que nos move!
As explanações de Bruno Calixto sobre
o trabalho que ele desenvolve e a cultura angolana foram os que mais me
chamaram a atenção e proporcionaram reflexão durante a palestra. Ele trabalha
na Globo Internacional e é editor de conteúdo do programa Revista África,
produzido e exibido na Angola. Ele explicou sobre o processo político deste país,
que, segundo ele, vive atualmente uma ditadura. A liberdade de expressão dos
jornalistas é extremamente limitada. As informações divulgadas não são
aprofundadas e tudo que prejudique a imagem de quem se encontra no poder não
aparece na mídia. E não só a liberdade de expressão é prejudicada. Calixto
falou que as autoridades policiais às vezes não permitem que as pessoas entrem
em determinados lugares ou façam determinadas coisas. Para isso, é necessário o
pagamento de uma determinada quantia. A desigualdade social é extremamente
demarcada. Existe um pequeno número de pessoas ricas e a maioria da população é
miserável, vivendo em condições deploráveis de existência.
Guilherme Freire Montijo