sábado, 30 de novembro de 2013

Análise da palestra "Jornalismo Cultural: Opinião, Informação ou Entretenimento?"



        No dia 28 de novembro de 2013 (quinta-feira), foi realizada uma palestra na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. O tema foi “Jornalismo Cultural: Opinião, Informação ou Entretenimento?“. Os convidados foram o editor de conteúdo da Globo Internacional, Bruno Calixto, a professora de Fotografia do CES/JF e UFJF Gleice Lisbôa, o professor Gustavo Burla, o crítico de cinema e editor do site Cinefagia Marco Victor Barbosa e o jornalista e produtor da Mídia Ninja Philipe Martins.
       Sobre o Jornalismo Cultural, diversas afirmações e definições foram feitas. Afirmaram que a crítica não deve ser uma repetição, pelo contrário, ela deve buscar uma originalidade e uma diferenciação em relação a outras produções. Como toda prática de escrita, não há como ela se separar do caráter subjetivo. Toda crítica mostra uma opinião, mas o crítico tem que ter embasamento teórico, explicar as razões de ter escolhido determinado enquadramento. Diante de uma questão sobre a falta de espaço do jornalismo cultural na atualidade, responderam que isso se deve às recentes crises nas redações, que diminui o espaço dedicado a essa área e cria outros nichos para o jornalismo e para os jornalistas. Bruno Calixto destacou que isso acontece devido ao interesse capitalista em certos editoriais, que geram mais interesse e, consequentemente, mais lucros.
        A palestra foi muito interessante, os palestrantes apresentaram seus temas com muito entusiasmo e eloquência. Um aspecto que me chamou bastante a atenção é a paixão de todos eles por aquilo que fazem, além da postura crítica. Gustavo Burla, inclusive, narrou como a família reagiu quando ele contou que havia decidido cursar Filosofia e, posteriormente, Jornalismo. Seu irmão havia se graduado em Direito e não entendia a escolha do irmão. Anos mais tarde, quando estava vivendo uma crise profissional e assistiu a uma peça onde Burla participava, o irmão parabenizou-o pela escolha. “Você faz o que quer e gosta, mesmo que não tenha reconhecimento (profissional e econômico)”. E é isso o que nos move!
        As explanações de Bruno Calixto sobre o trabalho que ele desenvolve e a cultura angolana foram os que mais me chamaram a atenção e proporcionaram reflexão durante a palestra. Ele trabalha na Globo Internacional e é editor de conteúdo do programa Revista África, produzido e exibido na Angola. Ele explicou sobre o processo político deste país, que, segundo ele, vive atualmente uma ditadura. A liberdade de expressão dos jornalistas é extremamente limitada. As informações divulgadas não são aprofundadas e tudo que prejudique a imagem de quem se encontra no poder não aparece na mídia. E não só a liberdade de expressão é prejudicada. Calixto falou que as autoridades policiais às vezes não permitem que as pessoas entrem em determinados lugares ou façam determinadas coisas. Para isso, é necessário o pagamento de uma determinada quantia. A desigualdade social é extremamente demarcada. Existe um pequeno número de pessoas ricas e a maioria da população é miserável, vivendo em condições deploráveis de existência. 



Guilherme Freire Montijo 

Análise da Crítica da peça teatral "O 3º Travesseiro", por Sérgio Ripardo



        Nestes tempos contemporâneos, em que, cada vez mais, se debate a importância da diversidade e a quebra de tabus sexuais, a indústria cultural torna-se divulgadora (e receptora) da temática homossexual. Contudo, a discussão desse tema é complexa. Além da busca por conteúdos de qualidade, é necessária a fuga dos preconceitos, lugares-comuns e enquadramentos que não refletem a realidade desse grupo estigmatizado. É cada vez mais comum a heteronormatividade estar presente em peças culturais com essa temática, opondo-se ao que, em tese, deveria ser buscado: a retratação de um universo distinto.

       Sérgio Ripardo, editor online da Folha Ilustrada, analisa a peça de teatro “O 3º Travesseiro”, estreada no Teatro Augusta, em São Paulo, no dia 22 de julho de 2007. A peça foi dirigida por Regiana Antonini e é baseada no livro homônimo de Nelson Luiz Rodrigues. O título da crítica (Crítica: "O 3º Travesseiro" afunda em caricatura, clichê e direção desastrada) demonstra que a peça não conseguiu discutir o tema sem fugir dos aspectos anteriormente explanados. Em produtos culturais que seguem essa temática, é possível perceber a perda do foco da discussão através da exposição erótica de corpos nus ou seminus e/ou cenas de sexo, usadas de forma indiscriminada. É esse um dos aspectos convenientemente destacados por Ripardo em sua crítica. O crítico destaca a hetenormatividade presente na peça, ao caracterizar um dos atores principais. “Já Renato, o melhor amigo de Marcus, é o personagem de Rodrigo Einsfeld, que atrai mais a atenção do público pela tatuagem na barriga e o jeito mais "ativo" de ser”. Além disso, Ripardo critica a atuação do elenco, a sonoplastia e o enredo clichê.

       A crítica é elabora de forma impessoal. Sérgio Ripardo não critica levando em conta seus gostos pessoais, mas sim realizando uma análise detalhada dos diversos aspectos da peça, o que demonstra que o crítico tem conhecimento técnico. Além disso, a citação de filmes, seriados, figurino e músicas para comparação demonstra o conhecimento cultural. Essas duas especificidades (conhecimento técnico e cultural) são embasamentos necessários para uma boa crítica. A linguagem utilizada é acessível, permitindo a compreensão do leitor não especializado. O leitor especializado, por sua vez, é contemplado quando o autor faz comparações com outros produtos culturais e analisa aspectos técnicos da obra. Apesar de ser uma boa crítica, há uma afirmação do texto que pode ser questionada. Ao falar sobre a colagem de filmes antigos presente na peça, Ripardo afirma que “Mais de uma década depois, parada gay de 2 milhões de pessoas na avenida Paulista e personagens homossexuais em várias mídias, talvez nem o grupo puritano Mulheres de Santana deve ainda se chocar com uma cena de dois rapazes e uma moça dividindo a mesma cama”. 



Guilherme Freire Montijo 

Crítica disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u52197.shtml

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Análise da Crítica do filme “Lincoln” por Pablo Villaça


Em sua crítica sobre o filme “Lincoln”, o crítico Pablo Villaça inicia situando-nos no enredo que a obra aborda, fazendo um breve resumo de sua avaliação. Analisando gêneros narrativos, atuações e a qualidade da direção, Villaça já expõe, no primeiro parágrafo, o maior problema do longa: tentar mostrar o Presidente Lincoln como um Mito, e não retratar seus feitos de uma forma que nos levasse a vê-lo como um grande homem.

            Em uma análise do enredo, o crítico discorre sobre como realmente ocorreram os fatos narrados, fazendo, inclusive, comparações entre Lincoln e os atuais republicanos. Outras comparações que utiliza são entre o filme e outros trabalhos dos participantes, como diretor e atores principais, para enfocar os problemas que levaram à má avaliação. Villaça exalta as qualidades do ator principal, Daniel Day-Lewis, colocando-o como merecedor dos prêmios e de toda atenção que recebeu pelo papel. Em seguida, cita elementos, como a má direção e fotografia “forçada”, que acabam ofuscando seu trabalho.

            Já em sua crítica ao diretor Steven Spielberg, o crítico avalia seu trabalho como reprodutor de uma história real, enfatizando seus erros e mostrando como foi ineficiente ao tentar criar uma narrativa realista, sempre retratando a personagem como um Mito e não como homem. Em determinado trecho, Villaça afirma: “...(e observem como, por exemplo, uma conversa entre Lincoln e a esposa ocorre numa linda contraluz, emprestando caráter de “palco para momento dramático” ao aposento em vez de simplesmente retratá-lo como... bem, um aposento).”. 

            Na conclusão, Pablo Villaça mostra, também, como acredita que o filme deveria terminar, colocando o fim construído por Spielberg como algo de fácil entendimento, subestimando a inteligência do espectador do início ao fim. Afirma, por fim, de forma irônica, que não reconhece mais os trabalhos do conhecido diretor, sentindo saudades do “admirável cineasta”.

                                                                                                  Luiza Quinet 

Crítica disponível em: http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/filme/ver.php?cdfilme=23