No último dia 28, a Acesso
Comunicação Júnior realizou um evento na FACOM com o tema “Jornalismo Cultural:
Opinião, Informação ou Entretenimento?”, que contou com a participação de
excelentes palestrantes nas áreas abordadas.
Bruno Calixto, da Globo
Internacional, nos apresentou um jornalismo mais aprofundado, capaz de
transformar a realidade de um local que há pouco se viu livre das guerras e
ainda se mantém em um regime ditatorial. Através de exemplos pessoais, ele nos
fez mergulhar no mundo de Angola, em sua cultura, seus pesares e,
principalmente, sua semelhança com o Brasil. Ele nos mostrou que o Jornalismo
tem um dever social de não só manter o povo informado, mas também manter viva a
cultura local e, na medida do possível, criar uma consciência crítica na
população. Através dele, percebemos que, mesmo com a censura do governo e a
possibilidade de correr perigo de vida por ser jornalista, estamos em uma
profissão que devemos exercer com paixão, pois é ela que nos mantém conectados
aos nossos objetivos.
A segunda palestrante, Gleice
Lisbôa, nos mostrou como uma imagem pode chocar, fazer com que nos apaixonemos,
nos instigar. Tudo depende de como mostramos isso. E é incrível como um número
infinito de leituras pode ser feito, dependendo da bagagem cultural de cada um
que a vê. Para ela, jornalismo é uma questão de percepção, de sentimento, e o
próprio modo que ela falou me fez me apaixonar um pouquinho mais por essa
profissão. A remuneração e reconhecimento é muitas vezes pequeno, mas a
possibilidade que um jornalista tem em sua mão de falar com o mundo é única.
Jornalismo é paixão.
Gustavo Burla, que se envolve com
a área cultural de diversas maneiras – membro de um grupo teatral por muitos
anos, que escreve suas crônicas e faz análise crítica no Cinefagia – também
discute a forma como esse tipo de trabalho é visto. A percepção é tudo. E é
essa característica que o faz tão incrível. Como supor a aceitação do público?
Como saber de que forma proceder? Se tudo depende da percepção de cada um... E
como querer trabalhar com isso, tendo apenas incertezas no caminho? Caímos no
terreno da paixão.
Marco Barbosa, o último
participante da mesa, ex-aluno da FACOM e criador do Cinefagia, site com
conteúdo voltado para filmes e seriados, nos apresentou um pouco mais do seu
trabalho como criador de conteúdo do site. Ele, que tem uma série de filmes e
seriados para assistir em pouquíssimo tempo. Como seus feriados são
prejudicados por isso. E como, ainda assim, ele gosta do que faz. Novamente, é
a paixão.
No fim, percebo que jornalismo na
verdade não é paixão. Paixão nos arrebata, nos rende, nos faz reféns 24 horas
por dia. E isso também é jornalismo. No entanto, a paixão acaba e esse
sentimento que todos nós, estudantes de jornalismo, ainda maravilhados e
instigados por ele, temos, não vai passar tão rapidamente.
Posso ser vista de forma meio
clichê e piegas, e até me sinto um pouco assim nesse momento, mas diria que
jornalismo está muito mais próximo de amor. É abandonar um encontro porque uma
nova matéria chegou. É ficar 24 horas focado em pautas quando o salário não
corresponde a esse esforço. É nos deixar arrebatar pela notícia - porque ela
não pode ser banalizada, só mais um daqueles acontecimentos cotidianos. É
sentir na pele quando somos ouvidos e como essa sensação é gratificante. É nos
arriscar para mostrar o melhor ângulo. Porque é isso que a população quer e é o
que queremos dar a ela. O melhor de nós. O melhor do Jornalismo. A informação
aliada ao sentimento e a transformação. Isso é o Jornalismo: uma questão de
percepção, sentimento e amor.