segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Novos olhares sobre o jornalismo cultural

           





           O evento realizado pela Acesso, empresa júnior de comunicação da UFJF, pautou-se em Jornalismo Cultural, contando com a participação de representantes de variadas vertentes da área.
       O primeiro a se apresentar foi Bruno Calixto que, atualmente, está trabalhando como editor do programa, “Revista África”, na Angola, à convite da Rede Globo. O programa funciona como uma espécie de “Fantástico” angolano. Ele procura tratar de assuntos comuns aos moradores da Angola, como recursos hídricos, danças étnicas e outros que estejam dentro da esfera cultural. Questionado sobre a audiência alcançada pelo programa e sobre a possibilidade de se tratar temáticas políticas, o brasileiro respondeu que a situação na Angola é de um governo ditatorial e que, portanto, não se cogita a possibilidade de retratar nenhum tipo de assunto que possa desestabilizar o governo e causar indignação. Mesmo assuntos voltados para a saúde, como malária, por exemplo, só pode ser trabalhado em cima de notícias instrumentais, como dicas de prevenção e não, porque a malária é tão recorrente devido à falta de saneamento básico, que deveria ser providenciado pelo governo.
         Apesar das divergências culturais e do contraste vivido pelo jornalista, ele disse que aprendeu muito com a experiência de produzir um programa em outro país, com uma cultura completamente diferente pois, antes de ir para a Angola, Bruno nunca havia trabalhado com televisão; ao chegar lá, a equipe angolana não tinha muita experiência; então, ele teve que organizar toda uma equipe, produzir todo um programa, o que refletiu em uma grande troca de experiências. E, além do mais, Bruno afirmou que, em termos pessoais, o que ele mais aprendeu foi a desapegar de certos preceitos morais e a valorizar mais o que é básico para sua vivência.

         Logo após, o evento seguiu para a mesa de debates, composta pela professora e fotógrafa Gleice Lisboa; Marco Victor, idealizador do site sobre cinema, Cinefagia; Gustavo Burla, formado em Filosofia e Jornalismo; e Bruno Calixto. A primeira a falar foi Gleice Lisboa, que trouxe para o público toda a sua sensibilidade sobre o olhar fotográfico e o despertar sobre a necessidade de se notar todos os detalhes que podem virar fotografia, transformando-a em um retrato da realidade, mas de uma forma peculiar, olhando para o que não é óbvio. Para o professor Burla, o fundamental é a paixão que se deve ter naquilo que se faz. Assumiu que sim, a área não tem o reconhecimento que deveria ter, cada vez mais as redações estão enxugando seus setores sobre cultura, mas isso ocorre somente por um fator financeiro e não porque ela não é relevante. E afirmou, ainda, que para ser um bom crítico é de extrema importância uma bagagem cultural ampla e que a produção de um texto crítico não precisa ser imparcial ou parcial, o que o crítico deve fazer é escolher um lado, opinar sobre a obra e, sabendo a sua posição, minimizá-la para que o leitor possa definir se concorda ou não com a crítica. O especialista em cinema, Marco Victor, contou um pouco sobre o seu trabalho, como é ser crítico de produções audiovisuais e deixou bem claro que é um trabalho árduo, pois ele recebe montantes de materiais para assistir e tem que analisa-los e produzir matérias de forma rápida e constantemente. Sobre o cinema nacional, ele disse que ainda falta muito investimento do mercado no Brasil, mas que o cenário democrático vem propiciando o seu desenvolvimento e sua valorização e que ele espera que, eventualmente, o número de obras nacionais para analisar seja, pelo menos, equivalente à Hollywoodiana.                 
           Questionados sobre como o crítico deve estabelecer o diálogo com o leitor, a mesa concordou que é de extrema importância o embasamento teórico para uma boa crítica, mas que, antes de tudo, é preciso vivência para se poder criticar. Portanto, quem se interessa por cultura, deve viver cultura, ir a shows, teatro, cinema, tirar fotos, sair para enxergar o mundo, a fim de poder analisa-lo.
       O evento encerrou com a fala de Felipe Martins, da Mídia Ninja, que apesar de não ter se apegado tanto ao tema do evento, mostrou que a Mídia Ninja é uma fonte de informação, de fato, alternativa às Grandes Mídias e que o objetivo dela é mostrar aquilo que não passa em canais convencionais. 

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