As discussões sobre os estereótipos reforçados pela
Publicidade é um assunto recorrente, principalmente na Internet. Feministas
frequentemente acusam publicidades de tratar a mulher como objeto ou como
inferiores, intelectualmente e fisicamente, aos homens. Contraditoriamente,
essa discussão leva a outra: a falta de inovação presente nesse setor. Podemos
citar, como exemplo, as publicidades de cerveja, que retratam o dito universo “dos
sonhos” masculino: descanso, bebida e... mulheres.
No
entanto, a própria inovação é o conceito por trás de muitas publicidades. Esse
é o exemplo de uma campanha publicitária da MaxHaus, uma empresa do ramo
imobiliário, especializada em apartamentos customizáveis. Com o slogan de “PARA
CABEÇAS SEM PAREDE – MORE EM SUA ÉPOCA”, a MaxHaus busca uma identificação do público alvo, jovens
que buscam modernidade, inovação, expressão e liberdade, equivalente à
customização. Na sua página no Facebook, questionam o consumidor-leitor: “Se
você não é igual a ninguém, por que seu apto deveria ser igual aos outros?”.
Para conseguir transmitir essa imagem, retratam papeis e comportamentos
atribuídos e/ou esperados presentes até hoje e os colocam como se tivessem sido
quebrados. “Existia uma parede entre ser mãe e ser sexy”, “Existia uma parede entre
ser tatuado e ser presidente”, “Existia uma parede entre o amor”. Ao supor que
determinados comportamentos estão superados, a publicidade cria um mundo ideal de perfeição. No mundo da
MaxHaus, não existe temor em relação ao novo, pelo contrário, a diversidade e a
autoexpressão são buscadas e acolhidas. A imagem coloca os jovens no centro,
donos de suas próprias vidas, livres de papeis predefinidos, sempre prontos a
ousar e “quebrar paredes”. O trocadilho é explícito para quem conhece a
empresa: ela é pioneira na chamada arquitetura aberta (ArquiteturAberta,
segundo sua grafia), na qual imóveis podem ser combinados para formar
diferentes apartamentos. A visão é clara, o trocadilho dialoga com a
marca.
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| Ao supor
que determinados comportamentos estão superados, a publicidade cria um mundo ideal de perfeição. |
A
publicidade foca mais no apelo emocional gerado pela marca, seduzindo
através da associação de um apartamento personalizado a uma imagem específica.
A inovação, que supostamente era para libertar, prende o consumidor a uma
identidade específica. Utilizando termos técnicos, nela predomina a
interpelação sedutora, bem mais do que a retórica. Na interpelação sedutora, a “... mensagem publicitária sugere a
possibilidade de realização do desejo por meio de uma idealização do
produto/serviço”. Além disso, há ou busca-se “identificação completa entre o público e o objeto/serviço ou produto”.
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| A imagem coloca os jovens no centro, donos de suas próprias vidas, livres de papeis predefinidos, sempre prontos a ousar e “quebrar paredes”. |
O conteúdo implícito não pode ser
mais claro: inovação é o que a gente vende, inovação é o que você procura. Ou:
inovação é o que você procura, inovação é o que a gente vende. A ordem das
frases depende de quem você acha que está no comando: a publicidade ou o
consumidor.




Adorei, Guilherme! Analisou a campanha sem deixar de lado sua criticidade, presente principalmente no reenquadramento do início do texto.
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muito bom, parabéns!!
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